sexta-feira, 27 de junho de 2014

Analfabetos do saber

A Madrugada aproxima-se, lentamente despede-se a noite, desbotam-se as luzes artificiais…
O silêncio segreda-me de ti a recordação idílica em mim.
Na quietude da noite os corações doloridos dormitam e a noite alonga-se aqui…
Onde o meu corpo cansado permanece alerta, vigilante, velando por ti…gente … simplesmente gente vagueia nas ruas nas horas mais impróprias.
Corpos imperfeitos, falências vitais em urgências primordiais protegendo a vida da vida efémera de nós, sonhos desfeitos, reflexões necessárias, desejos castrados no tempo que se perdeu, esperanças renascidas, olhares agradecidos, vozes tremulas, carências ausentes e o peito doloroso… ardente por ti!
O sol nasce soalheiro do universo… o dia amanhece e com ele o futuro presente joguetes em um puzzle inventado pela vida, pré destinado em ti, em mim, em nós…
Visíveis nas forças cósmicas, esboçados no livro grosso da vida com tinta imperceptível
e reescrito por nós… simples analfabetos do saber! 


terça-feira, 3 de junho de 2014

I'm not good at a one night stand... stay with me


Um beijo

A única coisa que queria era um beijo daqueles que não se precisa pedir… um beijo impensado de tão desejado! De surpresa… um beijo lento, sem pressa, sem ameaças, sem desconforto. Um beijo simples e honesto, sem grandes rompantes… apenas um beijo dado com vontade. Nem rápido nem demorado mas com sentimento. Um beijo quentinho, que nos faz amolecer  instantaneamente. Um beijo daqueles que, de tão espontâneo, não se esquece mais. Daquele tipo que deixa o gosto na boca para sempre. Como o primeiro beijo de um novo casal, cheio de descobertas, mas com mais intimidade. Tanta intimidade que a procura pelos lábios chega a ser intuitiva…
Um beijo que abraça, saboreia, sente a outra pessoa por inteiro. Um toque leve de lábios, de línguas... olhos mansamente cerrados, mãos soltas, coração entregue…

Um beijo sem nota, sem avaliação. Um beijo de namorados apaixonados. Beijo de saudade. Um beijo que, quando acaba, faz-nos respirar fundo e demorar para abrir os olhos. Suave, calmo, de paz. Beijo que transmite carinho, bem-querer, aceitação. Eu só queria, enfim, um beijo de amor! E tu deste-me esse beijo e agora não penso noutra coisa...




Saudades de viver na totalidade

Sinto-me feliz mas sinto saudades de tudo que marcou a minha vida.
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros, quando escuto uma voz, quando me lembro do passado, eu sinto saudades...
Sinto saudades de amigos que nunca mais vi, de pessoas com quem não mais falei ou cruzei...
Sinto saudades da minha infância, do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro,
do penúltimo e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser...
Sinto saudades do presente, que não aproveitei de todo, lembrando do passado e apostando no futuro...
Sinto saudades do futuro, que se idealizado, provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser...
Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei!
De quem disse que viria e nem apareceu, de quem apareceu a correr, sem me conhecer correctamente, de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer…
Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito!
Daqueles que não tiveram como me dizer adeus, de gente que passou no caminho contrário da minha vida e que só reparei de vislumbre!
Sinto saudades de coisas que tive e de outras que não tive mas quis muito ter!
Sinto saudades de coisas que nem sei se existiram…
Sinto saudades de coisas sérias, de coisas hilariantes, de casos, de experiências...
Sinto saudades do cãozinho que eu tive um dia e que me amava fielmente, como só os cães são capazes de fazer!
Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar!
Sinto saudades dos CDs que ouvi e que me fizeram sonhar…
Sinto saudades das coisas que vivi e das que deixei passar, sem viver na totalidade.







segunda-feira, 2 de junho de 2014

Saudade...

Tantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que...
não sei onde... para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi...
Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades… em japonês, em russo, em italiano, em inglês... mas a minha saudade, por eu ter nascido em Portugal, só fala português, embora, lá no fundo, possa ser poliglota.
Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria, espontaneamente quando
estamos desesperados... para contar dinheiro... fazer amor... declarar sentimentos fortes... seja lá em que lugar do mundo estejamos.
Eu acredito que um simples
"I miss you" ou seja lá como possamos traduzir “saudade” em outra língua,
nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha.
Talvez não exprima correctamente a imensa falta que sentimos de coisas ou pessoas queridas.
E é por isso que eu tenho mais saudades...
Porque encontrei uma palavra para usar todas as vezes em que sinto este aperto no peito,
meio nostálgico, meio gostoso mas que funciona melhor do que um sinal vital quando se quer falar da vida e de sentimentos.
Ela é a prova inequívoca de que somos sensíveis!
De que amamos muito o que tivemos e lamentamos as coisas boas que perdemos ao longo da nossa existência...



sábado, 31 de maio de 2014

Acompanhado da ausência

Faz-me companhia, é o que peço! Sou pedinte humilde, meu caro, que não se importa com etiquetas ou rótulos, nem tão pouco com dissabores…
Abro a boca e aguardo ser alimentado pela tua história, querendo mais é que o mundo acabe em páginas em branco para eu recomeçá-lo dos alicerces da minha imaginação, numa dança de palavras que se encontram em coreografia inusitada.
Serve-te de mim, do pecado aos bons costumes, paredes, assoalho, no jardim da nobre casa apelidada redenção… e entre um gole e um toque, peço que estreites laços, que ando faminto por carinho, e novidades... assopra-as em meus ouvidos… inventa-as se for preciso, que hoje não me importo. Hoje não!
Disseram-me que, se um dia me sentisse só, bastaria o sentir para que viessem todos os sonhos descabidos e irrealizáveis, afetos martirizados pelas mágoas, amizades interditadas pelo tempo e o espaço imposto, sempre prontos a angariar o passado.
Acontece que hoje escolho a tua companhia, celebrando um remate amansado…
Então, peço que fiques, puxa uma cadeira, senta-te e sente-te em casa, em um lar que é teu e onde nos conseguimos tornar proprietários de memórias na planta a serem construídas e usufruídas daqui a muitos meses meses, pagamento parcelado com o maior carinho e sem juros. Depois, podemos enveredar pelas estradas da partilha, das concessões, do embrenhar dedos ousados em indicações de saídas mais do que necessárias, há tanto tempo protelada pela ingénua… porém temida a caminhada rumo à novidade.
A novidade é que, ando mais à disposição do que jamais estive. E quero tardes acompanhadas não apenas pelas chuvas de verão, mas também pelo o olhar reconhecido, pelo o dizer sinceridades, até que haja, entre nós, o mais próximo de uma verdade desinibida.
Neste agora sinto-me deixado de lado, ao avesso, e reivindico salubridade, porque aprendi a comer em porções e a beber aos goles a honra de estar vivo. E nesta vagareza, neste andamento diminuto, há o desejo de conciliar lonjuras e aproximar sabedorias... De estar acompanhado por companhia, e não pela falta que sinto dela, da saudade intrigada com a ausência.



sexta-feira, 30 de maio de 2014

A insónia

Um quarto diferente, uma cama mais pequena e uma noite mais escura…tem feito menos sentido as horas, enquanto eu reviro na cama de um lado para o outro, lembrando dos fracassos, rejeições, e de tudo aquilo que tu não contarias orgulhosamente numa roda de amigos. Tu, pois eu contaria. Quando não espero mais por alguém nesta cama, eu até já sei que não vais chegar, mas isso não significa que eu não considere a possibilidade de uma visita inesperada. Todo este tempo e eu só queria ser surpreendido. É estranho quando nós escutamos que alguém não dormiu a noite inteira, é cansativo quando ninguém escuta que tu não dormiste a noite inteira. A noite não foi feita para dormir? Eu não fui feito para descansar por algumas horas? Acho que a cama  protesta, quando quem queríamos que estivesse nela conosco não se manifesta. A insónia talvez seja uma voz que tenta fazer-te acordar, mesmo que tua alma precise de descanso. Passei a noite em claro, pensando se eu fiz a coisa certa, se eu agi da melhor maneira e não consegui concluir nada…
Mas fez-me saber que eu ainda tenho dúvidas, que não me sinto absoluto e preciso, que me devolvam o direito ao sono: ainda tenho o que aprender, ainda preciso evoluir! Como seria mais justo se quando tivesse sono eu dormisse, se quando sonhasse eu realizasse, se quando amasse eu fosse amado. Mas se eu não dormi a noite inteira, não vai ser agora que vou voltar a sonhar acordado. A vida não é como se sonha. Nem todas as noites tem sono, nem todos os sono tem sonhos, nem todos os sonhos vem com o sono, nem toda escolha é fácil. E eu já sabia que seria assim quando escolhi tentar ser um pouco mais felizes. O nome é felicidade, não facilidade. Hoje, eu não dormi, mas o mundo trouxe um novo dia. A vida continua sem mim, ela não me espera dormir. Pensando bem, sempre há uma nova chance. E ainda bem que é assim (e sempre será). E enquanto eu não dormia eu abri a janela e olhei para aquelas estrelas, que eu sempre sonhei olhar contigo, e fiz delas o meu exemplo.
As estrelas um dia morrem, no entanto, a luz delas continua sendo vista, viajando e levando luz pelas galáxias do universo. Concluí que elas são como o amor. O Amor, sim, o Amor em maiúscula, é como as estrelas, se for verdadeiro, não importa a distância, não importa o tempo, mesmo após o fim ainda brilha e ilumina, ainda viaja pelo mundo levando novos sonhos a corações apaixonados, a corações desesperançados, a corações que brilham, mesmo quando não batem mais por um certo alguém.


Acima de tudo, humanos!

No passado dia 18 de Maio foi o dia mundial contra a homofobia e passou-me completamente ao lado (sinceramente nunca me lembrei desse dia por pensar que já não fazia sentido existir). Talvez tenha sido porque hoje em dia é tão natural ser gay, como ser louro. Ninguém quer saber da tua orientação sexual para nada, se beijas a tua namorada na rua, se és homem e te vestes de mulher, ou se uma criança tem dois pais, em vez de um pai e uma mãe. Barcelona é completamente gay friendly e isso é das coisas que mais gosto e acho maravilhoso. Uma cidade onde não existe diferença e todos olham uns para os outros sem maldade ou exclusão, sim, ainda estamos a anos luz de distancia em Portugal para acontecimentos deste tipo de acontecimentos mas aos poucos as diferenças são notórias.
Não gosto de tocar neste assunto por diversas razões e uma delas, é pelo o facto de ser tão normal que tudo o que se possa falar mais torna-se excessivo. Ninguém fala tanto no abandono escolar, na violência domestica, abandono aos animais… ninguém fala tanto em casamentos heterossexuais, em divórcios… porque motivo se toca tanto neste assunto quando é tão banal? Se pensarem estamos a falar de pessoas, seres humanos nada mais que isso!
Não irei tocar mais neste assunto e espero que as pessoas que o andam a fazer, tenham um pouco de controlo na língua.
Cada um faz a sua própria opção e ninguém tem o direito de oprimi-la. Homofobia não se justifica, combate-se e destrói-se. Somos todos iguais.



O que é demais também chateia.

Ser desempregado não é ter uma "boa vida". Ter o "privilégio" de poder ficar na cama toda a manhã, só é bom nos primeiros tempos. A verdade é que o descanso eterno, que desejamos quando temos algo que nos ocupa, rápido nos cansa, rápido nos transporta para uma espiral de inutilidade e desmotivação. Não temos o valor que achávamos ter. Afinal, parece que a área que escolhemos para nos formar, e que acreditamos ser importante e necessária, é apenas dispensável, um peso morto. Tudo aquilo que ouvimos nos bancos da faculdade, a mensagem de que somos precisos, que na cultura está o caminho e a salvação, não é mais do que uma grande mentira. Cá "fora" percebemos que aos olhos da sociedade, dos empregadores, não servimos para nada. Nada!
História da Arte é só "algo muito giro", ou que "deve ser muito interessante", não passa disso. Em Portugal, não passa disso. E eu caio na realidade sempre que envio um currículo e não obtenho resposta, ou me respondem dizendo "não, obrigado”.
É óbvio, que rapidamente qualquer pessoa na minha situação, ligada às artes e à cultura ou de uma outra área desacreditada, percebe que tem de se virar para outro lado. Somos muitos na mesma situação, não vale a pena acharmos que somos casos isolados, os desgraçados, os únicos tristes. Somos imensos, e isso é ainda mais preocupante. Bem, como eu dizia, depressa nos apercebemos que a missão Emprego na área em que me formei é uma causa perdida e enveredamos na missão Emprego num sitio qualquer, afinal as necessidade básicas do ser humano, obrigam-nos a isso, a trabalhar para ter dinheiro que, quer queiramos quer não, no nosso Mundo, é um bem  extremamente necessário.
Uns, tal como eu, têm a "sorte" de viverem em casa dos pais, ou seja, de não terem despesas com alojamento e alimentação. Segundo alguns, não nos podemos queixar. Temos cama, comida e roupa lavada, uma vida de sonho, portanto.
A vida que imaginei não passa por viver ad eternum em casa da mãe, nem depender financeiramente dela. Sonhei com outras coisas. Com uma casa minha, com um emprego, com uma independência conquistada e irreversível. Essa vida que sonhei, que me parece tão distante e utópica, não é mais do que um direito de qualquer ser humano. Não é um capricho, não tem de ser um luxo, como tantos nos querem fazer acreditar.
A vida que imaginei, parece-me agora extravagante. Formar-me na área de que gosto, dar o melhor de mim a essa área, ser recompensado (monetariamente e não só) por isso, adquirir, aos poucos, independência financeira, progredir, ter uma casa, família, dedicar-me ao que me faz feliz, ao que amo. Parece simples, mas não é. Pelo menos para mim não tem sido.
Não tenho emprego, nem "um trabalho qualquer", não tenho meios para sobreviver sozinho, tenho cada vez menos confiança em mim, duvido cada vez mais das minhas capacidades. Afinal não sirvo para coisa nenhuma. Para um supermercado tenho habilitações a mais, como licenciado não precisam de mim. É complicado.
Sinto-me cada vez mais perdido. A "vida boa" já não é sequer vida. É uma sucessão de dias, uns atrás dos outros, sem grandes expectativas, porque cansa sair sempre derrotado, sem grandes sonhos, porque para sonhar é preciso acreditar, e eu acredito cada vez menos.



Desempregado à força

Para começar logo em grande este blog decidi por algo mais sério e actual, espero que gostem. Isto sinceramente é uma coisa que me revolta um pouco pois não consigo ver um futuro risonho para mim!  
Até hoje a humanidade ainda não conheceu nenhum sistema social, político e económico que possa ser apelidado de justo... Desde os tempos mais remotos que a posse dos meios de produção e da força para os defender, foi o factor decisivo na "evolução" das sociedades.
A propriedade privada e a exploração dos não proprietários constitui ainda a única forma de enriquecimento, versus empobrecimento de alguém...Este processo inicialmente suportado pela escravatura, adoptou formas mais ou menos

esclavagistas, chegando aos nossos dias no formato que conhecemos, cuja matriz inicial se mantém...
As sociedades no seu processo "evolutivo", face ao aumento da população e dos assalariados, bem como à escassez de recursos considerados livres, associando esta nova realidade ao fenómeno do alvorecer das ditas sociedades democráticas, geraram novos valores éticos e morais á cerca das Pessoas e dos seus Direitos Fundamentais. Assim sendo, os códigos laborais e as constituições dos estados ditos democráticos, criaram um conjunto vasto de normas de protecção dos detentores da força de trabalho, seja manual ou intelectual. Todavia, o objectivo de maximizar o lucro dos empresários, escudados por grandes organizações empresariais, algumas multinacionais, adoptando critérios económicos novos, tais como competitividade, mercado e outros tidos como ratios divinos, integrados numa conjuntura em que a existência de dois exércitos de desempregados, sendo um o exército activo e o outro de reserva, tornaram os trabalhadores mais frágeis, violando quase todos os direitos conquistados com os regimes ditos democráticos... Adoptando políticas neo-liberais o estado deixou de intervir na relação entre as entidades patronais e os trabalhadores, tornando-se cúmplice desta nova era a que poderemos denominar NOVA ESCRAVATURA, na qual os trabalhadores regateiam por um salário mais baixo, de forma a garantir o posto de trabalho e, consequentemente a sua sobrevivência. Posto tais factos, os desempregados continuam a aumentar e o estado permite tal situação pois um desempregado que quer trabalhar depara-se com situações burocráticas na hora de ser feita uma contratação. Os Centros de Emprego que outrora queriam ajudar a empregabilidade nesta nova era apenas querem úmeros inscritos para estatísticas. E o desempregado simplesmente se mantém no desemprego aumentando assim o grau de pobreza do país. Haja paciência!  

Bem vindos!

Ora bem… a pedido muitas pessoas cá estou eu novamente com mais blog. Desta vez não é apenas um blog, não vai ser só mais um no meio de muitos. Vai ser um sítio onde se vai poder ler muitos desabafos, devaneios, pensamentos e muita loucura. Quero que, nas minhas palavras exista alguém que se possa identificar, quero partilhar com vocês tudo o que penso, vejo ou vivencio.
Obrigado a todos e uma boa estadia no meu blog!