sexta-feira, 30 de maio de 2014

A insónia

Um quarto diferente, uma cama mais pequena e uma noite mais escura…tem feito menos sentido as horas, enquanto eu reviro na cama de um lado para o outro, lembrando dos fracassos, rejeições, e de tudo aquilo que tu não contarias orgulhosamente numa roda de amigos. Tu, pois eu contaria. Quando não espero mais por alguém nesta cama, eu até já sei que não vais chegar, mas isso não significa que eu não considere a possibilidade de uma visita inesperada. Todo este tempo e eu só queria ser surpreendido. É estranho quando nós escutamos que alguém não dormiu a noite inteira, é cansativo quando ninguém escuta que tu não dormiste a noite inteira. A noite não foi feita para dormir? Eu não fui feito para descansar por algumas horas? Acho que a cama  protesta, quando quem queríamos que estivesse nela conosco não se manifesta. A insónia talvez seja uma voz que tenta fazer-te acordar, mesmo que tua alma precise de descanso. Passei a noite em claro, pensando se eu fiz a coisa certa, se eu agi da melhor maneira e não consegui concluir nada…
Mas fez-me saber que eu ainda tenho dúvidas, que não me sinto absoluto e preciso, que me devolvam o direito ao sono: ainda tenho o que aprender, ainda preciso evoluir! Como seria mais justo se quando tivesse sono eu dormisse, se quando sonhasse eu realizasse, se quando amasse eu fosse amado. Mas se eu não dormi a noite inteira, não vai ser agora que vou voltar a sonhar acordado. A vida não é como se sonha. Nem todas as noites tem sono, nem todos os sono tem sonhos, nem todos os sonhos vem com o sono, nem toda escolha é fácil. E eu já sabia que seria assim quando escolhi tentar ser um pouco mais felizes. O nome é felicidade, não facilidade. Hoje, eu não dormi, mas o mundo trouxe um novo dia. A vida continua sem mim, ela não me espera dormir. Pensando bem, sempre há uma nova chance. E ainda bem que é assim (e sempre será). E enquanto eu não dormia eu abri a janela e olhei para aquelas estrelas, que eu sempre sonhei olhar contigo, e fiz delas o meu exemplo.
As estrelas um dia morrem, no entanto, a luz delas continua sendo vista, viajando e levando luz pelas galáxias do universo. Concluí que elas são como o amor. O Amor, sim, o Amor em maiúscula, é como as estrelas, se for verdadeiro, não importa a distância, não importa o tempo, mesmo após o fim ainda brilha e ilumina, ainda viaja pelo mundo levando novos sonhos a corações apaixonados, a corações desesperançados, a corações que brilham, mesmo quando não batem mais por um certo alguém.


Sem comentários:

Enviar um comentário