Faz-me companhia, é o que peço! Sou pedinte humilde, meu
caro, que não se importa com etiquetas ou rótulos, nem tão pouco com dissabores…
Abro a boca e aguardo ser alimentado pela tua história,
querendo mais é que o mundo acabe em páginas em branco para eu recomeçá-lo dos
alicerces da minha imaginação, numa dança de palavras que se encontram em
coreografia inusitada.
Serve-te de mim, do pecado aos bons costumes, paredes,
assoalho, no jardim da nobre casa apelidada redenção… e entre um gole e um
toque, peço que estreites laços, que ando faminto por carinho, e novidades...
assopra-as em meus ouvidos… inventa-as se for preciso, que hoje não me importo.
Hoje não!
Disseram-me que, se um dia me sentisse só, bastaria o sentir
para que viessem todos os sonhos descabidos e irrealizáveis, afetos
martirizados pelas mágoas, amizades interditadas pelo tempo e o espaço imposto,
sempre prontos a angariar o passado.
Acontece que hoje escolho a tua companhia, celebrando um
remate amansado…
Então, peço que fiques, puxa uma cadeira, senta-te e
sente-te em casa, em um lar que é teu e onde nos conseguimos tornar
proprietários de memórias na planta a serem construídas e usufruídas daqui a
muitos meses meses, pagamento parcelado com o maior carinho e sem juros.
Depois, podemos enveredar pelas estradas da partilha, das concessões, do
embrenhar dedos ousados em indicações de saídas mais do que necessárias, há
tanto tempo protelada pela ingénua… porém temida a caminhada rumo à novidade.
A novidade é que, ando mais à disposição do que jamais
estive. E quero tardes acompanhadas não apenas pelas chuvas de verão, mas
também pelo o olhar reconhecido, pelo o dizer sinceridades, até que haja, entre
nós, o mais próximo de uma verdade desinibida.
Neste agora sinto-me deixado de lado, ao avesso, e
reivindico salubridade, porque aprendi a comer em porções e a beber aos goles a
honra de estar vivo. E nesta vagareza, neste andamento diminuto, há o desejo de
conciliar lonjuras e aproximar sabedorias... De estar acompanhado por
companhia, e não pela falta que sinto dela, da saudade intrigada com a ausência.